Game of Thrones: impressões da 2ª temporada até aqui

ATENÇÃO! ESSE TEXTO CONTÉM SPOILERS DA 2ª TEMPORADA!

A cada novo episódio Game of Thrones se firma como uma série capaz de arrebatar os corações de antigos fãs e conquistar novos admiradores. E não somente isso: a adaptação dos livros de George R. R. Martin começa a se emancipar de sua fonte original sem comprometer o universo saído da imaginação do autor. Falo isso como quem já leu os dois primeiros livros, "A guerra dos tronos" e "A fúria dos reis" e percebeu grandes diferenças entre as duas temporadas da série.
A primeira, baseada em "A guerra dos tronos", era assustadoramente fiel à obra original. Poucos detalhes foram deixados de fora na adaptação. Ainda assim, tais detalhes não foram determinantes no decorrer da história, como a noite de núpcias entre Daenerys e Khal Drogo, muito menos selvagem no livro. Fora essas minúcias, o que foi mostrado em cena foi uma tradução na tela próxima da perfeição de todo o mundo de Westeros.
Com todo o enorme sucesso conseguido com público e crítica, a HBO engatilhou a segunda temporada, e aparentemente concedeu uma liberdade ainda maior aos produtores. Parece não haver limites para a ousadia (e até um certo exagero, eu diria) em cenas de sexo e violência. Há que se criticar cenas absolutamente desnecessárias, como o relacionamento homossexual entre Sor Loras Tyrell e Renly Baratheon, no livro apenas levemente subentendido. Mas quando se fala de uma maior independência em relação ao livro, não há dúvidas: Game of Thrones tem identidade própria. E isso é bom para que as duas mídias, livro e TV, sejam não duas vozes dizendo as mesmas coisas, mas entidades complementares contribuindo para um maior enriquecimento do universo ficcional.
Uma das jogadas mais interessantes e bem-sucedidas desta temporada foi a criação de Talisa, personagem inexistente no livro, para se tornar interesse romântico proibido de Robb Stark. Interpretada com maestria por Oona Chaplin (neta do próprio Charles Chaplin), a personagem surge para introduzir um elemento romântico inesperado em meio a tanta tensão e violência.
Igualmente interessante e marcante é o desenvolvimento de personagens femininas fortes. Neste quesito, a série é imbatível: Catelyn Stark, Cersei Lannister, Arya Stark, Melisandre, Yara Greyjoy (Asha, nos livros) e Daenerys Targaryen são algumas das mulheres que desfilam em Westeros e assumem papéis fundamentais no andamento da trama e na construção de momentos inesquecíveis.
As mudanças na história em relação ao livro podem assustar os leitores a princípio, mas depois acabam sendo bem entendidas e até aceitas. Não há dúvida de que a aparentemente infinita peregrinação de Arya Stark até chegar a Harrenhal é muito irritante no livro, e encurtá-la na série foi uma boa ideia. Assim como também foi ótimo colocar a filha "mais Stark" de Ned como copeira do temido Tywin Lannister. Os diálogos entre os dois são alguns dos muitos momentos memoráveis desta temporada.
Como ressalva, entretanto, podemos falar da devolução de Jaime Lannister a Porto Real, feita por Catelyn sem o consentimento de seu filho. Mas até isso parece ter um propósito maior e podemos muito bem dar um voto de confiança aos produtores.
Todos esses parágrafos são para falar que o grande momento da temporada está chegando: a batalha da Água Negra! É um acontecimento tão importante que a HBO tratou de lançar um cartaz especial! Dá para imaginar como os fãs estão em polvorosa de ver a grande e épica batalha traduzida em imagens! E se alguém está desconfiado da capacidade do canal de adaptar com precisão esta cena, basta saber que o episódio 9, penúltimo da temporada, foi filmado durante um mês, algo muito incomum em seriados.
Agora é só esperar o grande momento e ir apreciando o teaser, roendo as unhas e contando os dias. Porque, como diz o cartaz, "não haverá lugar para se esconder".

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