Elefante Branco - drama argentino realista é imperdível

É impossível ficar indiferente à realidade mostrada em Elefante Branco (Argentina/Espanha/França, 2012), novo filme de Pablo Trapero (Abutres, Leonera). Trapero é o cineasta argentino que mais se aproxima da estética cinematográfica em voga no Brasil: as histórias que abordam temas na maioria das vezes recusados pelo cinemão comercial. Seguindo esta temática, de tratar das mazelas sociais argentinas, Trapero vai pintando um quadro que mostra realidades duras de seu país, sem deixar de criar filmes com grande apelo comercial e crítico.
Em Elefante Branco novamente o diretor conta com a dupla de protagonistas de seu filme anterior, Abutres: Ricardo Darín e Martina Gusman (esposa do cineasta), mas desta vez a dupla se torna um trio, com o acréscimo do belga Jerémie Renier (O Garoto de Bicicleta). Na trama, Ricardo Darín é Julián, um padre que mora e trabalha em uma enorme favela surgida nos arredores de um imenso hospital nunca concluído e abandonado, chamado de "Elefante Branco". A favela é chamada de Cidade Oculta, lugar que já no nome expressa todo o abandono do Estado, algo comum em todas as favelas do mundo. Julián está com uma doença terminal e recruta seu velho amigo, o padre Nicolás (Renier), que trabalhava na Amazônia peruana, para ajudá-lo na paróquia e depois assumir seu lugar como titular da igreja.
Para ajudar no trabalho humanitário os padres contam com a ajuda de Luciana (Martina Gusman), uma assistente social que está às voltas com as reclamações dos moradores locais que trabalham na construção de um projeto habitacional a ser implantado na região.
Os três trabalham aconselhando jovens drogados, na tentativa de livrá-los do vício e fazê-los começar de novo. É um trabalho difícil, marcado por um número maior de fracassos do que de sucessos, mas Julián é insistente, e tem uma esperança inabalável na salvação de seus paroquianos. Apesar da presença dos padres, a favela é violenta e vive uma guerra entre duas facções rivais na briga pelo controle do tráfico de drogas.
O diretor não poupa o espectador de mostrar cadáveres ensanguentados, jovens usando drogas e situações-limite, como a cena na qual Nicolás entra no covil de uma facção para buscar o corpo do membro da outra facção e levá-lo até sua família. Trata-se, talvez, da cena mais tensa e angustiante do ano.
Inteiramente filmado em três favelas argentinas, Elefante Branco é triste, dramático e cruel. Um retrato forte de uma realidade que ninguém quer admitir, mas que existe e deve ser mostrada. Imperdível.

Elefante blanco (2012) on IMDb

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