A Mulher Faz o Homem - Clássico de Frank Capra de 1939 permanece atual

Quem diria que um filme realizado em 1939, em um país que ainda sentia os efeitos de uma corrupção crescente, especialmente devido a uma Lei Seca de consequências desastrosas, e via um mundo à beira de uma guerra que teria proporções gigantescas, teria o poder de ainda causar impacto 74 anos depois! Pois é exatamente o que acontece quando se assiste A Mulher Faz o Homem (Mr. Smith Goes to Washington, EUA, 1939), um verdadeiro manifesto contra a corrupção e a favor do espírito humano.
Dirigido por Frank Capra (que também faria outro clássico, A Felicidade Não se Compra, de 1946), o filme conta a história de Jefferson Smith (James Stewart), um ingênuo líder de escoteiros apontado para preencher uma vaga no Senado americano, deixada por um senador falecido. A indicação é feita pelo governador de seu estado, um verdadeiro "pau-mandado", um fantoche nas mãos de um ambicioso empresário (Edward Arnold), que exige um novo senador pronto a votar sem questionar a favor de quaisquer leis que ele desejar aprovar. Acreditanto ser Smith um tolo e um imbecil, o empresário aceita a indicação, mas logo Smith se mostra um homem honesto e que não está nada disposto a seguir as regras do jogo da política de seu estado. 
O novo senador chega em Washington, deslumbrado com a grandiosidade dos monumentos ali existentes, especialmente o domo do Capitólio e o Memorial Lincoln, com a imponente estátua do maior presidente americano. Sua retórica simples e sincera, defensora dos ideais mais elevados da república, acabam conquistando também para o seu lado Saunders (Jean Arthur), a assessora do senador, que no começo se mostra cínica, mas não resiste às atitudes honestas daquele homem diferente de todos em Washington. O senador apresenta um projeto de lei que cria um acampamento para meninos de todas as raças, credos e nacionalidades, com o intuito de ensinar-lhes princípios morais e éticos; o problema é que o local escolhido para abrigar o acampamento é o mesmo de um esquema para a aprovação da construção de uma represa que jamais será feita, um artifício para lucros escusos de pessoas poderosas.  Contra tudo e contra todos, Smith acaba batendo de frente com os poderosos, que usam suas armas para denegrir a imagem do senador novato, que não se rende e acaba usando a seu favor um recurso curioso do regimento interno: quando um membro do parlamento está com a palavra, esta só pode ser-lhe retirada se o mesmo a ceder. Assim, Smith discursa no senado por horas a fio, com o único intuito de convencer seus pares de sua honestidade e inocência.
Smith (James Stewart) na cena antológica do discurso no Senado
Frank Capra criou em A Mulher Faz o Homem um filme atemporal, com uma mensagem capaz de ser compreendida em qualquer lugar, cujos impactos foram grandemente sentidos na época de seu lançamento. Muitos países com regimes totalitários exibiram o filme com uma dublagem que adaptava os diálogos segundo suas próprias ideologias. A Alemanha nazista proibiu a exibição da produção. Mas cópias piratas acabaram se espalhando pelo país, alcançando muitas pessoas na clandestinidade.
Estes fatos atestam a grandeza deste clássico, capaz de emocionar e prender a atenção até do espectador mais indiferente. É um filme para ser exibido em praça pública, museus, escolas, presídios, hospitais, igrejas,  esquinas, bares, restaurantes, palácios, barracos, e até em um certo Congresso Nacional. Fica aí a sugestão.

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