Blue Jasmine | Woody Allen sendo Woody Allen

Se faltava a voz de Woody Allen no debate sobre as consequências da crise financeira americana de 2008, agora todas as peças estão no seu devido lugar. Com Blue Jasmine o diretor e roteirista veterano de mais de 45 filmes - e um dos grandes cineastas americanos vivos - dá a sua contribuição ao tema, focando, como sempre, nos dramas particulares de pessoas comuns (e não tão comuns assim) afetadas pelos acontecimento ao redor.
Neste caso, temos Jasmine (Cate Blanchett, favorita ao Oscar), uma ex-socialite de Nova York cuja vida passa por uma transformação extrema: seu marido (Alec Baldwin) é preso por crimes financeiros e ela se vê sem nada da noite para o dia, forçada a se mudar para San Francisco e viver com sua irmã adotiva, Ginger (Sally Hawkins, indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante). Ginger é uma mulher simples, pobre, empacotadora em um supermercado e sem nada na vida. Jasmine agora se encontra em um ambiente completamente estranho, e está em um estado de negação que beira a loucura: ela fala sozinha, lembrando dos acontecimentos que a levaram até aquele estado lamentável. É por meio desses flashbacks que sabemos como tudo aconteceu em sua vida e conhecemos toda a riqueza que ela possuía.
Um pouco diferente dos outros protagonistas dos filmes de Woody Allen, Jasmine fala pelos cotovelos, mas não se trata de uma conversa coerente, nem tampouco criativa. São palavras de alguém em desespero, que perdeu tudo e precisa recuperar o que tinha urgentemente.
Na tentativa de recuperar o que perdeu, ela se envolve com um médico (Peter Sarsgaard) que nada sabe do seu passado. Será esta a última chance que ela terá de ser feliz?
Woody Allen mais uma vez entrega um roteiro primoroso, que apresenta uma protagonista capaz de encher a tela. Entretanto, o brilho de Blanchett não está no fato de encher a tela com alegria e júbilo. Sua Jasmine é deprimente e patética, triste e lamentável. Anda como se tivesse um milhão de dólares, mas seu olhar é de alguém desesperada por amar e ser amada. A atuação estupenda de Blanchett é mais uma mostra do talento exuberante que a atriz tem demonstrado desde que estreou como protagonista em Elizabeth, em 1998. Jasmine é também uma das provas mais contundentes da capacidade de Allen de criar personagens inesquecíveis e importantes na história do cinema.

Blue Jasmine (2013) on IMDb

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