Ela | Ou "O Amor nos Tempos da Solidão"

Theodore Twombly (Joaquin Phoenix) está na etapa final de seu divórcio. Mesmo tendo amigos, seu tempo é quase inteiramente preenchido por seu trabalho de escritor de cartas, e quando não está trabalhando, ele se ocupa jogando videogame e fazendo sexo por telefone. Sua rotina começa a mudar quando ele compra um novo sistema operacional para seu computador (e outras plataformas), o primeiro a operar com inteligência artificial, capaz de realizar todas as necessidades de seus usuários. O incomum nesta história é que Theodore acaba se apaixonando por seu sistema operacional, que tem a bela e sensual voz de Scarlett Johansson.
Mais uma vez, Spike Jonze conta uma história inusitada para falar de sentimentos comuns, inerentes a todos os seres humanos. Afinal de contas, todos nós já nos sentimos sós, à deriva, aguardando sermos resgatados, encontrados. Em Ela (Her, EUA, 2013), Jonze realiza um de seus melhores filmes, e um dos mais relevantes. Nele, o cineasta parece estender a ideia central de Estou Aqui (I'm Here), o curta-metragem que ele dirigiu sob encomenda para a marca de vodca Absolut (que pode ser visto AQUI), que mostrava o romance entre um robô solitário e um "robô-fêmea". Se em Estou Aqui o protagonista abria mão de si mesmo para ver sua amada feliz e viva, em Ela, Theodore é o objeto direto da afeição de Samantha, que é o nome do sistema operacional.
Samantha quer sentir seu amado por perto, conversar com ele, compartilhar de suas descobertas a respeito dos seres humanos e do universo. Por sua vez, Theodore tem nela alguém que o compreende totalmente (ou que, pelo menos, tenta fazê-lo) e que o ama por quem ele é, sem querer mudá-lo em nada.
Ela é um filme estranho. Estranho por sua trama inesperada, porém, sensível e profundo ao tocar em questões sérias, relacionadas às nossas emoções e aos nossos temores e traumas que trazemos do passado. Em determinado momento, Samantha diz que "o passado é só uma história que contamos a nós mesmos".
Este é apenas um pequeno exemplo de inúmeros diálogos e frases memoráveis que ouvimos em Ela.
E quando os diálogos ainda vêm acompanhados por uma trilha sonora escrita pelo grupo canadense Arcade Fire, e pela canção The Moon Song de Karen O (indicada ao Oscar de Canção Original), a coisa fica ainda melhor. 
Ela é o primeiro filme (o primeiro longa, pelo menos) de Spike Jonze cujo roteiro foi também escrito por ele. A prova de sucesso já veio, com a indicação ao Oscar de Roteiro Original. Mas nós, cinéfilos, que acompanhamos o trabalho de Jonze, já sabíamos da importância dele na criação de um cinema mais humano, mais gentil, mais sensível e muito mais profundo.

Ela (2013) on IMDb

Ouça "The Moon Song" abaixo:

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