Game of Thrones 4ª temporada | Uma opinião (com SPOILERS!)

E chegou ao fim mais uma temporada de Game of Thrones. A HBO, em uma nova prova (precisava de mais uma?) de sua coragem e liberdade, além de uma tonelada de criatividade, pegou uma série literária adorada em todo o mundo e criou uma série além de qualquer expectativa que os fãs tivessem alimentado. Até as liberdades tomadas pelos criadores da série - não sem a concordância do autor dos livros, George R. R. Martin, que até roteirizou alguns dos episódios - podem ser perdoadas, levando-se em conta que uma coisa é a série, outra coisa são os livros. Na literatura, o ritmo e o tempo são muito diferentes da TV, que demanda um andamento bem mais dinâmico e com menos espaço para desenvolver histórias tão longas.
O "Casamento Púrpura"
Na 4ª temporada, com tantos personagens à disposição, a trama de Game of Thrones não decepcionou. Enquanto as conspirações para assumir o controle do Trono dos Sete Reinos se desenrolavam, foram os personagens que fizeram a diferença. A entrada em cena de Oberyn Martell (Pedro Pascal), príncipe de Dorne, trouxe um fôlego e uma sensualidade bem-vindos ao sisudo jogo de poder de Porto Real; a introdução dos temíveis e canibais Thenns criou um suspense ainda maior para a invasão do Povo Livre ao Castelo Negro; a cumplicidade entre Podrick e Brienne deu um toque de leveza, ao mesmo tempo em que tínhamos a impressão de que, a qualquer momento, tudo pudesse desmoronar; Tyrion, quase que a temporada inteira acuado e aprisionado, implorando por justiça, deu a Peter Dinklage a oportunidade de entregar uma atuação muito mais delicada e angustiada.
Poderíamos falar dos personagens aqui por inúmeros parágrafos. (Talvez eu crie uma série de artigos sobre cada um deles, se tiver coragem para tal.)
Tyrion, clamando pelo julgamento por combate
Além disso, é impossível escrever uma opinião sobre a temporada sem mencionar os episódios que deixaram os espectadores sem palavras, o que aconteceu muito mais este ano. Logo no segundo episódio, The Lion and the Rose, os produtores recriaram com perfeição o chamado "Casamento Púrpura", onde vimos, finalmente, a morte mais aguardada de todas: Joffrey "desgraçado" Lannister cessou de viver, e seu fim ainda nos proporcionou um dos poucos momentos de fragilidade de Cersei (Lena Headey). Ainda estávamos no começo da temporada, e muito mais ainda estava por vir. The Law of Gods and Men (ep. 6) trouxe algo que me faz amar GoT: um belo discurso a favor da justiça, pronunciado por Tyrion, que acusado de ter engendrado a morte de seu sobrinho, é julgado por um colegiado já marcado para a condenação. Quanto o Duende finalmente reclama o direito de ter um julgamento por combate, a vontade que dá é aplaudir de pé, ali mesmo na sala de casa, com um prato de bolachas ladeado por uma xícara de café, em cima do sofá.
daquelas cenas que mais me dão prazer em ser fã de
Luta entre a Montanha e a Víbora
Então vieram os três últimos episódios. The Mountain and the Viper (ep. 8) é, talvez, o que tem a cena mais grotescamente maravilhosa que os produtores da série poderiam conceber, não sem a inspiração de George R. R. Martin, é claro. A luta entre a Montanha e Oberyn, a Víbora, é muito parecida com a descrição do livro A Tormenta de Espadas. A agilidade de Oberyn contra a aspereza e a força de Gregor Clegane. E um final que, mesmo já sabendo o que aconteceria, me deixou completamente mudo e chocado: a Montanha esmagando a cabeça da Víbora com as próprias mãos.
The Watchers on the Wall (ep. 9) é tão sensacional que deveria ser lançado nos cinemas em versão ampliada, tamanha a grandiosidade presenciada ali. Se na Batalha da Água Negra, travada na 2ª temporada, a luta já havia sido marcante, aqui a defesa pela soberania do Castelo Negro chega ao sublime, em se tratando de tevê. Um episódio inteiro com a Patrulha da Noite, sem interferências, cutscenes ou
interlúdios. Somente homens de preto contra selvagens, canibais, gigantes e mamutes. E (como esquecer?) Ygritte, encontrando a morte nos braços de Jon Snow, que "não sabe de nada".
Jon Snow (Kit Harington), em cena de "The Watchers on the Wall"
Quando eu pensava que a capacidade de deslumbrar já tinha se esgotado, eis que surge o episódio final, The Children. Com um apanhado de cenas essenciais para fechar a temporada, com todos os personagens encontrando seu caminho, o episódio tinha tudo para ser apressado e confuso. Mas não foi assim. Primeiro, a chegada de Stannis Baratheon ao norte, com todo o seu imponente exército, livrando Jon Snow da morte pelas mãos de Mance Rayder, o Rei-Para-Lá-Da-Muralha, foi de cair o queixo. Bran Stark finalmente encontrando o Corvo de Três Olhos, depois de enfrentar um grupo de esqueletos vivos no melhor estilo Piratas do Caribe, foi uma bela surpresa, necessária para encerrar o arco do personagem, mesmo que adiante passagens de outros livros. Daenerys Targaryen tendo que acorrentar seus dragões - dois deles - prenuncia tempos sombrios para a Nascida da Tormenta. A luta entre o Cão de Caça e Brienne, que nunca aconteceu nos livros, foi um momento inesquecível, que resultou no esperado embarque de Arya para Braavos, usando sua moeda de ferro e as palavras que serviram de mote para toda a temporada: Valar Morghulis. E Tyrion, mostrando a Tywin todo o seu rancor acumulado por anos de desprezo, matando o próprio pai, enquanto este se encontrava na mais humilhante e ordinária das ações humanas.
Se não houve a aparição da Sra. Coração de Pedra, isso pode ser explicado porque a atriz que a encarna está ocupada com outra série, 24 Horas, mas também gera uma grande expectativa para a cena de abertura da 5ª temporada que, se for assim, será realmente fantástico.
Uma série para ter em casa, guardar na estante, e ver e rever sempre, para nunca esquecermos do que é capaz a imaginação humana. Valar Morghulis.

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