Dois filmes cristãos para descobrir - E um para ignorar

Não é de hoje que o cinema americano e os grandes estúdios descobriram o público cristão como fomentador de sucessos-surpresa e divulgador de filmes com temas religiosos e/ou relacionados à vida cristã. Grandes sucessos têm sido resultado desta "descoberta" que Hollywood fez do público cristão. Entre eles, estão Desafiando Gigantes e Prova de Fogo, ambos dramas produzidos por uma igreja em particular, a Sherwood Church, e distribuídos pela Sony.
Recentemente, minha lista de filmes cristãos assistidos aumentou, ganhando o acréscimo de 3 produções, sendo duas realizadas em 2014 e uma de 2011.

Para descobrir:

Corajosos (Courageous, EUA, 2011) - Dirigido por Alex Kendrick, que também dirigiu os dois filmes mencionados acima, este drama sobre a paternidade é o mais contundente e impactante das obras da igreja Sherwood. O filme mostra quatro amigos, pais e policiais, que têm em comum a lealdade entre si e a fé cristã. Depois que uma perda terrível abate a vida de um deles, eles começam a repensar a responsabilidade que há em ser pai, em ter sob seus cuidados as vidas de outros seres. A partir destas reflexões, Corajosos apresenta episódios marcantes, sempre relacionados com as atitudes que homens de verdade devem tomar perante as adversidades, sem abrir mão da confiança em Deus acima de todas as coisas. Em um dos episódios mais tocantes do filme, o dono de uma fábrica oferece uma promoção a um desses pais, que estava desempregado até pouco tempo atrás; entretanto, para ter a promoção e manter o emprego, ele deve mentir em um relatório da empresa. A atitude deste homem diante de tal pressão é exemplo para todos nós. Corajosos é ousado, ao tomar um outro rumo na discussão de valores, um que não estimula o sucesso a qualquer preço, mas que invoca a responsabilidade que cada um de nós tem na transmissão de princípios eternos, capazes de mudar nossas vidas e plantar boas sementes. Imperdível.

O Céu é de Verdade (Heaven is for Real, EUA, 2014) - Diferente de Corajosos, este não é um filme produzido por uma igreja, mas por Joe Roth, produtor conhecido por seus filmes da Disney, entre outros grandes estúdios. A direção ficou por conta de Randall Wallace, roteirista de Coração Valente. No elenco, nomes conhecidos como Greg Kinnear (Pequena Miss Sunshine), Kelly Reilly (O Voo) e Thomas Haden Church (Sideways - Entre Umas e Outras e Homem-Aranha 3). O filme conta a história de Colton Burpo, um garotinho de 4 anos que, durante uma cirurgia em que esteve à beira da morte, tem uma experiência de visitar o céu e conhecer o próprio Cristo. Ao retornar, ele conta sua história ao seu pai, Todd (Kinnear), um pastor metodista que passa a questionar sua própria fé e o quanto do que sempre pregou é real. Diante do relato do filho, que conta episódios que testemunhou durante sua cirurgia e fala do encontro com pessoas de sua família que já se foram, Todd e sua esposa não sabem como agir, temendo que seu filho seja ridicularizado. Se em alguns momentos o filme carece de ritmo - às vezes parece não saber que história contar ou quando deve haver a mudança de ato no roteiro - a simplicidade com que a história é narrada e a naturalidade com que Colton (Connor Corum) encara sua experiência são tocantes.

Para ignorar:

Deus Não Está Morto (God's Not Dead, EUA, 2014) - Lançado com certo estardalhaço nos cinemas brasileiros, este filme deixou muita gente decepcionada. Estamos falando de uma produção descuidada, preguiçosa e entediante, que em nenhum momento empolga ou faz com que nos importemos de verdade com o que está acontecendo em cena. O filme conta a história de um professor de filosofia, o Sr. Radisson (Kevin Sorbo), que é desafiado em seu primeiro dia de aula por um aluno cristão, que se recusa a assinar um papel em que admite que "Deus está morto". Depois de observar a recusa de Josh (Shane Harper), Radisson resolve permitir que seu aluno defenda seu ponto de vista e tente convencer todos os seus colegas da existência de Deus. O filme parte de uma premissa difícil de acreditar: o fato de que algum professor tente obrigar seus alunos a crer ou deixar de crer no que quer que seja, mesmo que seja em uma classe de filosofia. Além disso, o elenco não nos deixa acreditar em nenhuma palavra que está sendo dita. Como exemplo, basta observar os colegas de classe de Josh. Pouquíssimos deles parecem ter sequer a idade para frequentar a universidade. Esta falta de preocupação com a verossimilhança é vergonhosa, o que faz de Deus Não Está Morto uma espécie de panfleto que tem o efeito contrário do que pretende. Se você quer convencer alguém da existência de Deus, dê de presente qualquer livro de C.S. Lewis, mas nunca, NUNCA, recomende este filme.

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