Beasts of No Nation | Crítica

Doloroso. Um soco no estômago. Assim está sendo descrito 'Beasts of No Nation', o primeiro filme original do Netflix, que foi lançado simultaneamente nos cinemas americanos e globalmente no serviço de streaming. 

Se a descrição parece exagerada, isso só se justifica para quem não viu ao filme, um drama de guerra dirigido por Cary Joji Fukunaga (Jane Eyre, True Detective 1ª Temp.), que explora a triste realidade dos meninos-soldados recrutados para servir a grupos paramilitares em diversos países africanos. Tais meninos passam por um processo de lavagem cerebral e se tornam verdadeiros carniceiros, sedentos por sangue e vingança contra qualquer ser vivo que não faça parte de seu grupo. Agu (o estreante Abraham Attah), é um desses meninos. Diante da trágica perda de sua família - seu pai e irmão mais velho foram assassinados e sua mãe e irmãzinha estão desaparecidas - Agu vaga pela selva de um país africano até ser acolhido por um líder paramilitar carismático e misterioso (Idris Elba, em atuação assustadora), que utiliza técnicas de persuasão com cunho esotérico e sobrenatural para convencer seus soldados (muitos deles meninos) de que o inimigo pode ser qualquer um. Com o tempo, Agu passa a ser um assassino impiedoso, obcecado em encontrar a mãe perdida e, talvez, ter de volta sua infância interrompida.

O diretor Cary Fukunaga não poupa a plateia de cenas extremamente chocantes e repletas de uma violência gráfica que talvez não existiria se o filme fosse distribuído por algum grande estúdio de Hollywood. Mas a violência não é gratuita, em nenhum momento. Trata-se de algo necessário para estabelecer o clima de desolação e perda em que vivem os meninos-soldados, bem como seu carismático líder. Quando chega ao fim, 'Beasts of No Nation' não só é capaz de provocar lágrimas amargas, mas também pode suscitar uma reflexão profunda sobre essas crianças que foram impedidas de viverem sua infância como deveriam: com amor, alegria e esperança.

Triste, doloroso, mas necessário.

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