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Mostrando postagens de 2016

Doutor Estranho | Crítica

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Faz tempo que eu li a história em quadrinhos que mostrava a origem do Doutor Estranho, a primeiríssima, escrita por Stan Lee e desenhada por Steve Ditko (lembro-me bem, na revista Heróis da TV número 100, formatinho!), que mostrava um cirurgião arrogante mas incrivelmente talentoso que, depois de um acidente que compromete para sempre suas tão valiosas mãos, busca a cura na sabedoria oriental, mas acaba aprendendo mais sobre si mesmo do que imaginava. Doutor Estranho, a criação de Lee e Ditko, já era um personagem intrigante e misterioso, que colocava um pouco mais de magia no Universo Marvel, lá em 1963. Agora, 53 anos depois, quando a própria Marvel lança o primeiro filme do Mago Supremo, milhões de pessoas conhecerão este personagem marcante, um dos mais brilhantes e psicodélicos dos quadrinhos de super-heróis. Doutor Estranho (Doctor Strange, EUA, 2016), o filme, é um acréscimo bem-vindo ao Universo Cinematográfico Marvel - UCM. Afinal de contas, a magia ainda não havia sido e

Westworld | Você tem que ver a nova série da HBO

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Quando se entra no mundo de Westworld , série da HBO que adapta o filme homônimo de 1973, pouca coisa se explica. Vemos um cenário deslumbrante que é praticamente onipresente em quase todos os western clássicos: Monument Valley. Quem não viu nem leu nada sobre o programa vai achar que se trata de um drama de época sobre cowboys e bandidos, belas damas e prostitutas, uísque e cavalos. E, na verdade, Westworld  tem todos esses elementos, mas há um detalhe: todo esse mundo antigo é um parque temático de alta tecnologia, instalado nos Estados Unidos em um futuro indefinido. Cada personagem que compõe o parque é uma inteligência artificial, programada para executar papéis pré-determinados em narrativas diversas, com o único intuito de entreter os visitantes, que pagam (muito) caro pelo direito de passar um dia ali. Em Westworld , os turistas podem fazer o que bem entenderem com os moradores do parque. O lugar é um verdadeiro playground para adultos ricos, que têm o direito de balear as I

O Lar das Crianças Peculiares - Crítica

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Há muito tempo Tim Burton não entregava um filme memorável, digno de sua carreira brilhante. Desde Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas , de 2003, o cineasta carecia de uma história e um universo que se encaixasse perfeitamente com sua mente doentia/genial/alucinada.  Se eu não soubesse que O Lar das Crianças Peculiares  (Miss Peregrine's Home for Peculiar Children, EUA, 2016) é a adaptação de um romance juvenil de imenso sucesso no mundo inteiro, teria dito algo do tipo "Só podia ser de Tim Burton". Isso porque o filme parece ter saído da cabeça do criador de Edward Mãos de Tesoura , tamanha a quantidade de personagens bizarramente encantadores espalhados pelas duas horas de projeção. Mas Tim Burton encontrou em Ramson Riggs, autor do livro, uma alma gêmea, alguém que claramente se inspirou em um monte de coisa esquisita e fascinante para criar sua história. Combinados com os cenários sombrios - quase todos locações reais - e com a habitual fotografia soturna/

ARQ | Filme original Netflix faz milagre com tão pouco

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ARQ  (EUA, 2016) é uma ficção científica frenética e nervosa, um filme sobre um homem em loop temporal que replica em cena toda a loucura que significa viver uma mesma situação repetidas vezes, sem parar. Garimpado em Sundance, como todos os outros filmes que a Netflix paga pelo direito de colocar o selo "filme original", ARQ é uma surpresa agradável para quem gosta do gênero. O filme tem uma tensão constante que é favorecida por um roteiro interessante e engenhoso, sem agredir a inteligência de ninguém. Renton (Robbie Amell, de D.U.F.F. ) é um engenheiro que constrói uma máquina de movimento perpétuo - um mito da ciência, segundo o qual a existência de uma máquina que não necessita de nenhum combustível externo para funcionar não poderia se concretizar. A máquina que ele criou é a que dá nome ao filme. Ele acorda em sua cama, tendo ao seu lado Hannah (Rachael Taylor), e logo seguida vê seu quarto ser invadido por homens mascarados que o nocauteiam e dizem estar em busca

O Quarto de Jack | Crítica

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Um garotinho de cabelos lisos e longos acorda ao lado de sua mãe no dia em que completa 5 anos e, como faz todos os dias, cumprimenta cada móvel e objeto que compõem seu Quarto: "Bom dia, cama. Bom dia, pia. Bom dia, armário. Bom dia, claraboia..." Depois de escovar os dentes e de tomar o café da manhã, sua mãe lhe diz que eles farão um bolo de aniversário, para comemorar a data especial. As horas se passam, e nem o menino ou sua mãe fazem menção de deixar o Quarto, um lugar apertado, cuja única fonte de luz natural vem de uma claraboia no teto. É ali que eles brincam, fazem exercícios, assistem TV. É ali que eles dormem. E é ali que, tarde da noite, o garotinho pega no sono dentro do armário, e um homem entra no Quarto. O Quarto é grafado assim, com letra maiúscula, porque aquele é o único lugar que Jack, o menininho, conhece na vida. Para Jack, sua mãe é simplesmente Mãe, assim mesmo, sem nome próprio, apenas a função afetiva que ela exerce sobre a criança. Os dois est

Love | Série original da Netflix é realista e sensível na medida certa

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Quem conhece os filmes de Judd Apatow ( Ligeiramente Grávidos, Bem-Vindo aos 40 ) sabe que o cineasta e roteirista não é um artista de respostas fáceis e finais previsíveis. Sabe também que seus filmes sempre trazem romantismo sem deixar de considerar seus personagens como simples seres humanos, cheios de falhas e camadas de personalidade incrivelmente complexas. Quando Apatow se uniu à Netflix para criar uma série - com Paul Rust e Lesley Arfin -, uma comédia romântica moderna, esperava-se que todas aquelas nuances e características presentes em seu trabalho no cinema pudessem ser ainda mais ampliadas na realidade sem censura do serviço de streaming mais famoso do mundo. A espera valeu a pena. Love  é divertida, engraçada, agridoce, sensível, tensa e repleta de subtextos e detalhes que podem passar despercebidos na primeira vez que se vê. É uma série sem amarras, que discute as relações humanas da maneira mais realista possível, cujos personagens são gente como a gente, nem tão f

Steve Jobs | Crítica

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Retratar o mítico fundador da Apple no cinema não tem sido muito compensador. Piratas do Vale do Silício (1999) e Jobs (2013) foram fracassos monumentais e tampouco funcionavam como obras cinematográficas. Mas quando surgiram as primeiras imagens e trailers de Steve Jobs (EUA, 2015), o terceiro filme a ter como inspiração a vida de um dos grandes gênios da tecnologia e da inovação do nosso tempo, quase todo mundo acreditou na possibilidade de que finalmente teríamos uma produção digna da complexidade e do nome Jobs. O filme é dirigido por Danny Boyle ( Quem Quer Ser um Milionário , Trainspotting ) e escrito por Aaron Sorkin (roteirista de A Rede Social e criador da série The Newsroom ), e somente com estes nomes por trás das câmeras as pessoas começaram a prestar mais atenção. As expectativas dos estúdios envolvidos (Sony e Universal) eram altas, mas mesmo com um ótimo filme nas mãos, tendo recebido excelentes críticas, Steve Jobs fracassou nas bilheterias. Com um orçamento

A 5ª Onda | Crítica

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Não é fácil assistir A 5ª Onda (The 5th Wave, EUA, 2016). Os rombos no roteiro, os acontecimentos inexplicáveis e os diálogos que nunca saem do lugar-comum fazem da experiência de sentar em uma poltrona de cinema e acompanhar essa trama até o fim algo excruciante. Olha que o começo do filme até dá alguma esperança: Cassie (Chloë Grace Moretz) aparece armada, apreensiva, dentro de um mercadinho abandonado, à procura de mantimentos, no melhor estilo The Walking Dead . (Em cenas desse tipo, é estranho como as pessoas encontram garrafas d'água e comida dando mole; sempre há uma ou duas garrafas ou latas de atum que alguém aparentemente deixou para trás.) Por meio desse cenário desolador, já sabemos que estamos em um mundo pós-apocalíptico, no qual a lei é cada um por si. Dentro do mercado, escondido em um depósito, há um homem, que logo é confrontado por Cassie, e acaba sendo morto por ela. O mundo realmente mudou. Em seguida, vemos em flashback que as coisas estão feias por causa

O Bom Dinossauro | Crítica

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Tudo o que se podia falar sobre a excelência - criativa e técnica - da Pixar já foi dito. O estúdio de animação é um oásis imaginativo: em meio a um mundo sem graça de refilmagens, reboots e adaptações, a Pixar segue desenvolvendo novas ideias e apresentando novos personagens e histórias para o público. E 2015 foi um ano marcante para o estúdio: depois de lançar a obra-prima Divertida Mente , ainda houve tempo para a chegada de O Bom Dinossauro , que traz várias das características tão conhecidas por nós, e consegue emocionar, mesmo não contando uma história complexa. Se Divertida Mente  parecia ser mais direcionado aos adultos e bem incompreensível para o público infantil, O Bom Dinossauro  é um presente para os pequenos; o filme é totalmente acessível para eles, que podem não só apreciar todo o colorido vibrante dos cenários e personagens, como também entender toda a trama e, com as últimas cenas, derramar uma ou outra lágrima. Mas que ninguém pense que só as crianças vão desfru

Creed: Nascido Para Lutar | Filme de boxe honra o legado de Rocky

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É sempre assim quando Sylvester Stallone anuncia um novo capítulo da saga de Rocky Balboa: todo mundo torce o nariz, até ver o que foi produzido e derramar elogios. Foi assim com Rocky Balboa , de 2006, foi assim com Creed: Nascido Para Lutar  (Creed, EUA, 2015). Creed,  entretanto, não é tanto uma sequência da série Rocky, quanto é um reboot, voltado para novas gerações terem contato com a franquia de boxe que marcou a história do cinema. Está certo que o personagem principal da série está de volta, com todo o peso do passado de lutas, vitórias e um bocado de derrotas, mas desta vez ele é coadjuvante, um trampolim para o brilho do protagonista, que neste caso é Adonis Johnson (Michael B. Jordan). Adonis é filho - fruto de um relacionamento extraconjugal - do grande campeão mundial de boxe Apollo Creed, que lutou duas vezes contra Rocky Balboa (além de um confronto que ocorreu fora dos olhos do público). Um jovem impetuoso e portador de uma raiva contra o mundo, Adonis vive a inf

Veja quem são os indicados ao Oscar 2016

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Finalmente foram divulgados os indicados ao Oscar 2016, em sua 88ª edição! A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas revelou os candidatos ao maior prêmio do cinema mundial, e O Regresso arrebatou 12 nomeações, seguido de Mad Max: A Estrada da Fúria , com 10 indicações. O Brasil está representado pela inédita indicação ao prêmio de Melhor Animação, conquistada por O Menino e o Mundo , de Alê Abreu. Confira os indicados: Melhor Filme Mad Max - Estrada da Fúria   O Regresso   O Quarto de Jack Spotlight - Segredos Revelados  A Grande Aposta  Ponte dos Espiões   Brooklyn Perdido em Marte Melhor Diretor Alejandro G. Iñárritu   -   O Regresso Tom McCarthy  -   Spotlight - Segredos Revelados Adam McKay  -   A Grande Aposta   George Miller  -   Mad Max: Estrada da Fúria   Lenny Abrahamson -  O Quarto de Jack Melhor Atriz Cate Blanchett -  Carol Brie Larson -  O Quarto de Jack Saoirse Ronan -  Brooklyn Charlotte Rampling - 45 Anos Jennifer Lawrence -  Joy

Brooklyn | Crítica

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A mudança é dolorida, mas a dor passa e o que fica é a existência de um novo ser. Esta é uma das mensagens que podemos absorver de Brooklyn  (Irlanda, Reino Unido, Canadá, 2015), um drama romântico que traz toda a beleza dos filmes do gênero dos anos 1950 para o século 21. Dirigido por um John Crowley inspirado e estrelado por uma iluminada Saoirse Ronan, Brooklyn  é um filme de passagem da adolescência para a vida adulta, que trata o tema com sinceridade e autenticidade, criando uma trama envolvente e brilhantemente filmada. O filme chamou a atenção no Festival de Sundance, de onde saiu ovacionado e com um contrato de distribuição nos EUA de 9 milhões de dólares, um valor inédito. Saoirse Ronan ( Hanna, Desejo e Reparação ) é Eilis Lacey, uma jovem irlandesa vivendo em seu país em plena era do pós-guerra, quando não havia muita perspectiva de futuro por lá. Ela tem a oportunidade de migrar para os Estados Unidos, a tão sonhada e efusiva América, onde poderá trabalhar, estudar e e

O Regresso | Crítica

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O Regresso (The Revenant, EUA, 2015) conta uma história - real - que é um marco americano: a história de Hugh Glass, um montanhista do início do século 19 que sobrevive ao ataque de um urso pardo - matando o animal - mas ferido gravemente, é abandonado por seus companheiros em meio a um inverno rigoroso nas proximidades do rio Missouri para morrer e, depois de retornar à civilização, busca vingança contra os que o deixaram sozinho. Se o resumo de um parágrafo faz parecer que O Regresso  é um filme raso, essa sensação se desfaz quando mergulhamos na realização sofisticada e cruel do diretor Alejandro G. Iñárritu ( Birdman , Babel ). Todas as adversidades vividas pelo personagem encarnado por Leonardo DiCaprio são tão bem retratadas em cena que é quase possível sentir a pele sendo dilacerada pelas garras do urso, ou o sabor amargo do sangue do fígado cru de um bisão, que o personagem devora para aplacar sua fome. (O astro realmente comeu o fígado cru de um bisão, mesmo sendo vegetar

Quarto de Guerra | Conheça o filme cristão que virou fenômeno de bilheteria

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Já há alguns anos que não é novidade ver um filme voltado para o público cristão causar algum burburinho no mundo do cinema, atraindo grande público e gerando muita publicidade boca a boca, aquela que não depende de altos investimentos dos produtores para que o filme seja conhecido, mas é gerada simplesmente porque as pessoas gostam tanto da obra que a recomendam fortemente para outras pessoas, o que ajuda a engrossar os números das bilheterias. Muitas vezes, entretanto, as expectativas do público acabam frustradas, como aconteceu com Deus Não Está Morto , que era muito, mas muito ruim. Felizmente, isso não acontece com Quarto de Guerra (War Room, EUA, 2015). O filme de Alex Kendrick ( Corajosos, À Prova de Fogo ) é um alento em meio a tantas outras produções sem qualidade voltadas para os cristãos, que não podem nem ser classificadas como cinema, tamanha sua ausência de qualquer coisa que lembre o conceito de arte. Verdade seja dita, Quarto de Guerra não é filme para qualquer u